segunda-feira, 30 de abril de 2012

Ando tão cansada, entende?
Tu, em teu momento de amor
ao próximo, entende isso?
Compreende que não me faz bem
lembrar das tuas promessas?
- Sim! Aquelas de envelhecermos juntos e de
casarmos na praia sem muitos convidados.
Aquelas feitas na noite de domingo, que, do nada,
tirávamos par ou impar na tentativa de ser o
outro a levantar e apagar a luz do quarto em dia de chuva.

Do fundo do meu coração, me responde: tu entende?
É difícil pra você, logo pra você, que esqueceu tão rápido,
pegar esse entulho de meias sujas, de meias verdades e entregar a sua lavadeira?
Até que eu gostava de suas meias, mas cansei de costura-las.
Mamãe me ensinou a ser costureira. Papai também tinha meias.
Mas sabe o momento que se deseja um cargo maior? Pois.

É justo, homem? É justo lembrar que, por vezes, quebramos
as paredes e atravessamos para o horizonte do nosso encontro?
É justo, homem? É justo lembrar que nos encontrávamos
depois de meses, e nossos olhos não paravam quietos por querer
matar toda a saudade? - Não, não é.

A gente se abraçava e meu mundo desmoronava sobre teu corpo.
Meus medos não deixavam de ser medos, mas ao invés de meus,
se tornavam nossos, como uma reles divisão natural.
Arrancávamos amor, beijos, abraços e toda fúria existente.

Viu, homem? Hoje tu estás no quarto ao lado e te sinto tão longe.
Hoje nossas mãos não reconhecem umas as outras e é triste, homem.
Eu preciso te esquecer e voltar a fazer a separação das estações.
Preciso olhar os cabelos no espelho, calçar sapatos novos, trocar
os móveis da casa e tirar o quadro de lembranças da parede.


(Tarcila Santana - 24/04/2012)

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